Frida Kahlo – Conexões entre mulheres surrealistas no México
Exposição
Passada
Com curadoria da pesquisadora Teresa Arcq, Frida Kahlo – conexões entre mulheres surrealistas no México, com cerca de 100 obras de 15 artistas, revela a forma como uma intricada rede, com inúmeras personagens, se formou tendo como eixo a figura de Frida Kahlo. O recorte focaliza especialmente artistas mulheres nascidas ou radicadas no México, protagonistas, ao lado de Kahlo, de potentes produções, como Maria Izquierdo, Remedios Varo e Leonora Carrington.
Durante toda a sua vida, Frida Kahlo pintou apenas 143 telas. Nesta exposição, num caso raro e inédito no Brasil, estão reunidas cerca de 20 delas, além de 13 obras sobre papel – nove desenhos, duas colagens e duas litografias, proporcionando ao público brasileiro amplo panorama de seu pensamento plástico. A sua presença vigorosa perpassa ainda a exposição pelas obras de outras artistas participantes, que retrataram a sua figura icônica. Por meio da fotografia, destacam-se os trabalhos de Lola Álvarez Bravo, Lucienne Bloch e Kati Horna. Imagens de Frida estão impregnadas ainda nas lentes de Nickolas Muray, Bernard Silberstein, Hector Garcia, Martim Munkácsi e em uma litografia de Diego Rivera, Nu (Frida Kahlo), 1930.
Entre as mulheres artistas mexicanas vinculadas ao surrealismo surpreende a abundância de autorretratos e retratos simbólicos. Entre as 20 pinturas de Frida na exposição, seis são autorretratos. Há ainda mais duas de suas telas que trazem a sua presença, como em El abrazo de amor del Universo, la terra (México). Diego, yo y el senõr Xóloti, 1933, e Diego em mi Pensamiento, 1943, além de uma litografia, Frida y el aborto, 1932.Conforme destaca Teresa Arqc, os autorretratos e os retratos simbólicos marcam uma provocativa ruptura que separa o âmbito do público do estritamente privado. Segundo a curadora, impressiona constatar como estas artistas subvertem o cânone para realizar uma exploração de sua psique carregada de símbolos e mitos pessoais. “Em alguns de seus autorretratos Frida Kahlo, Maria Izquierdo e Rosa Rolanda elegeram cuidadosamente a identificação com o passado pré-hispânicoe as culturas indígenas do México, utilizando ornamentos e acessórios que remetem a mulheres poderosas, como deusas ou tehuanas, apropriando-se das identidades destas matriarcas amazonas”, afirma.
A confluência dos grupos de exiladas europeias, como a inglesa Leonora Carrington, a francesa Alice Rahon, a espanhola Remedios Varo e a fotógrafa húngara Kati Horna, e das artistas que vieram dos Estados Unidos, como Bridget Tichenor e Rosa Rolanda, permanecendo no México o resto de suas vidas, além de outras visitantes vinculadas ao surrealismo, atraídas pelas culturas ancestrais mexicanas, como as francesas Jacqueline Lamba, a norte-americana Sylvia Fein -, favoreceu uma atmosfera criativa intelectual e uma completa rede de relações e influências com Kahlo e demais artistas mexicanas. “A multiplicidade cultural, rica em mitos, rituais e uma diversidades de sistemas e crenças espirituais influenciaram na transformação de suas criações. A estratégia surrealista da máscara e da fantasia, que no México forma parte dos rituais cotidianos em torno da vida, a morte no âmbito do sagrado, funcionava também como um recurso para abordar o tema da identidade e de gênero”, completa Arcq.

