Perfume de sonho - Uma viagem ao mundo do café
Sebastião Salgado
Exposição
Passada
Quando o então economista Sebastião Salgado cursava pós-graduação em Paris e sua tese versava sobre questões ligadas ao café, ainda antes de terminá-la, já trabalhava na Organização Internacional do Café, em Londres. Em sua função na OIC, visitava o cultivo da planta em países como Ruanda, Burundi, Congo e Uganda. Foi nestas viagens que, em 1973, com uma câmera emprestada, começou a fotografar – e mudou de profissão. Mas a sua história com o fruto é ainda mais antiga, remonta a infância em Aimorés (Minas Gerais), quando, dos 7 aos 14 anos, ajudava seu pai na secagem de grãos e na costura de sacos.
Esta misteriosa e atávica afinidade de Salgado com o café, suafiel reverência aos trabalhadores e à paisagem circundante estão impressos nesta exposição “Perfume de Sonho”, com curadoria de Lélia Wanick Salgado. São 80 obras realizadas de 2002 a 2014, em plantações cafeeiras de 10 países percorridos pelo fotógrafo: Brasil, Índia, Indonésia, Etiópia, Guatemala, Colômbia, China, Costa Rica, El Salvador e Tanzânia.
Salgado começou a trabalhar nesta série em 2002, nos Estados vizinhos de Minas Gerais e Espírito Santo, onde a primeira parada foi em Manhuaçu, local em que seu pai tinha transportado café muitas décadas atrás. Segundo o fotógrafo, o que mais o surpreendeu neste trabalho foram as semelhanças nas vidas dos produtores de café nos diferentes continentes. Salgado destaca que, em algumas propriedades, as máquinas ocuparam o espaço dedicado a certas etapas do processo agrícola, mas a grande maioria da produção continua sendo feita por pequenos proprietários que colhem os grãos à mão, e cujas esposas e filhos ajudam a secá-los e ainda muitas vezes são as mulas que carregam o café até os compradores. Ressalta o fotógrafo que, às vezes, só mesmo a roupa usada pelos colhedores ajuda a situá-los geograficamente.
“O café é o ganha-pão de aproximadamente 25 milhões de pessoas em 42 países. E foi para estas pessoas, donos de pequenas propriedades e trabalhadores de grandes plantações, que dediquei minha atenção fotografando-os na América Latina, na África e na Ásia. Para estes trabalhadores café e vida são coisas inseparáveis. E tem sido assim há séculos, ao longo de gerações. O café define as estações do ano, o ritmo do trabalho, sua renda, seu bem-estar”
Sebastião Salgado

