Programação

Imaginar Futuros Gaiagrafia

Diversos convidados

Programa público

de 26 de novembro a 27 de novembro de 2023
Performance Moving Earths – 26 de novembro, às 16h30 Mesa de debates Gaiagrafia – 27 de novembro, às 19h ENTRADA GRATUITA SEM INSCRIÇÃO PRÉVIA TRADUÇÃO SIMULTÂNEA PORTUGUÊS/FRANCÊS

Passada

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Neste programa de investigação transdisciplinar realizado pelo Instituto Tomie Ohtake, com patrocínio do BNP Paribas, apoio do Consulado Geral da França em São Paulo e apoio institucional da Alliance Française: Brésil, Editora 34, Institut Français e Ubu, artistas, ambientalistas, cientistas, ativistas, antropólogos e filósofos franceses e brasileiros de destaque debatem o estatuto atual das relações entre cultura e natureza – um mesmo conceito separado em duas partes, segundo o filósofo francês Bruno Latour – a partir de um mergulho em imagens.

O terceiro e último encontro do novo ciclo traz uma performance – Moving Earths – e a mesa de debate Gaiagrafia, com a participação da diretora de teatro e historiadora da ciência Frédérique Aït-Touati e o antropólogo e professor Eduardo Neves, com mediação da curadora e pesquisadora Ligia Nobre.

Moving Earths

O terceiro e último encontro do ciclo será dividido em duas atividades. No dia 26 de novembro, às 16h30, no grande Hall do Instituto Tomie Ohtake, acontece a conferência performance Moving Earths, um dos três atos que compõem a Trilogia Terrestre, concebida por Bruno Latour em 2019. Dirigida por Frédérique Aït-Touati e agora levada ao palco por Duncan Evennou, esta versão “unplugged” de Moving Earths convida o público a testar a hipótese de que, assim como nos tempos de Galileu, no nosso, falar da Terra também significa fazer política. As três conferências-espetáculos que integram a Trilogia Terrestre são o resultado de um longo processo de criação e de investigação desenvolvido no Théâtre Nanterre Amandiers, onde Latour e Aït-Touati transformaram o palco num lugar de “ensaios cênicos” e de experimentação sobre o movimento da Terra. A performance será exibida para 40 pessoas, com senhas distribuídas uma hora antes do início do espetáculo.

Gaiagrafia

A terceira mesa do Ciclo Imaginar Futuros – Gaiagrafia – acontece no dia 27 de novembro, às 19h, reunindo a diretora de teatro e historiadora da ciência francesa Frédérique Aït-Touati e o antropólogo e professor Eduardo Neves, que debatem pesquisas e experimentações sobre as representações visuais do mundo terrestre biótico e abiótico. Mediado pela arquiteta Ligia Nobre, este encontro propõe-se a explorar questões de investigação comuns entre conhecimento nos domínios das teorias da vida, da ecologia e das ciências do sistema terrestre e sua relação com as artes e política.

Sobre os encontros

A cada encontro, materiais visuais distintos do campo da arte, da cultura e da ciência servirão de gatilho para leituras possíveis sobre a reinvenção do humano e do meio-ambiente – incluindo as interrogações possíveis acerca desses dois termos. O primeiro encontro, As Formas do Visível, ocorrido no dia 20 de setembro, reuniu o atropólogo francês Philippe Descola e a antropóloga brasileira Manuela Carneiro da Cunha. Já o segundo – Decolonizando o Museu – realizado no dia 02 de outubro, contou com a participação da cientista política, historiadora e escritora francesa Françoise Vergès e da curadora e pesquisadora indígena Sandra Benites.

A urgência da discussão

A crise ambiental, fato amplamente amparado pela ciência, é desafio urgente e primordial não só de hoje, mas também de todo e qualquer futuro que possa haver pela frente. Como declarou recentemente o filósofo francês Bruno Latour, atravessamos pelo menos os dois últimos séculos feito sonâmbulos, alheios ao alerta evidente dos desastres ecológicos. Nos tornamos, enfim, aqueles que teriam podido agir, nos deparando tardiamente com os danos irreversíveis da nossa própria ação.

Na profunda mutação que a humanidade deverá encarar daqui em diante, a cultura terá papel central na revisão, atualização e produção de imaginários, epistemologias e paradigmas que reposicionem nossa relação com aquilo que chamamos de natureza e que, em consequência, permitam a todas as espécies uma sobrevivência digna.

A natureza não só se depara como uma espécie de fim – tanto ligada à sua decadência material como enquanto conceito – como escancara cada vez mais suas finalidades, no sentido da interdependência vital desta com os seres humanos, cuja separação é apenas artificial. Junto ao declínio ambiental e a realidade do Novo Regime Climático, esgotam-se os projetos vigentes de mundo clamando por uma maior diversidade de representações, de saberes e cosmologias. Trata-se, sobretudo, da necessidade de revivermos saberes de povos originários, negligenciados pelas sociedades ocidentais, e que podem nos ajudar a imaginar, antes que um novo mundo, um novo povo, como argumentado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro.

Sobre os participantes
Frédérique Aït-Touati (mesa e performance)
Diretora de teatro e historiadora da ciência. Investigadora no Centro Nacional da Pesquisa Científica (CNRS) e diretora do Programa de Experimentação em Artes e Políticas. Após uma formação em música e dança (nos Conservatórios de Grenoble e de Marselha), formou-se como diretora na Escola Nacional Superior de Lyon e depois no ADC Theatre de Cambridge, ao mesmo tempo que desenvolvia sua tese em história da ciência. Dirigiu as conferências performances Inside (2016), e Moving Earths (2019) e Viral (2021) de Bruno Latour, três espetáculos que constituem a Trilogia Terrestre, agora levada ao palco por Duncan Evennou numa digressão internacional. Vencedora do programa Mondes Nouveaux em 2022, criou Earthscape na Conciergerie, a partir do texto Philosophie de la Maison de Emanuele Coccia. As suas publicações incluem Contes de la Lune, essai sur la fiction et la science modernes (2011), Fictions of the Cosmos (2011), Terra Forma. Manuel de cartographies potentielles, com Alexandra Arènes e Axelle Grégoire; Le Cri de Gaïa (2021) com Emanuele Coccia, Vinciane Despret, Baptiste Morizot e Nastassia Martin: Trilogie Terrestre com Bruno Latour (2022). Em 2024, Théâtres du monde. L'invention de la nature en Occident será publicado.
Duncan Evennou (performance)
Ator e diretor nascido em 1988. Em 2012, formou-se na École Nationale Supérieure d'Art dra- matique du Théâtre National de Bretagne sob a direção artística de Stanislas Nordey. Artista e investigador no SPEAP, um programa de artes experimentais e políticas na Science Po Paris dirigido por Bruno Latour, desenvolve atualmente um teatro interdisciplinar através da arte contemporânea, da sociologia e de produções radiofónicas baseadas em três dinâmicas principais: criação, investigação e ensino. Trabalha principalmente com escritores, realizadores, coreógrafos, artistas plásticos e produtores de rádio com uma estética decididamente contemporânea, incluindo Émilie Rousset, Stanislas Nordey, Bruno Latour, Lancelot Hamelin, Ulla Von Brandenburg, Ivana Muller, Pau Simon, Joris Lacoste, Nadia Vonder Heyden, Frédérique Aït-Touati e Sophie Aude Picon.
Eduardo Goes Neves (mesa)
Graduado em História pela Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Antropologia pela Universidade de Indiana e Livre-Docente pela Universidade de São Paulo. Professor Titular e Diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. Membro da Comissão Editorial do Annual Review of Anthropology (2022-2025). Ganhador do Prêmio de Pesquisa do Shanghai Archaeological Forum em 2019. Autor dos livros "Sob os tempos do Equinócio: 8.000 anos de História na Amazônia Central" e "Arqueologia da Amazônia".
Ligia Nobre (mediação - mesa)
Curadora e pesquisadora. Doutora em Estética e História da Arte pela USP, mestre em Histórias e Teorias de Arquitetura pela Architectural Association School of Architecture (Londres). Foi professora da FAAP, FAU-Mackenzie, Escola da Cidade e ETH Zurich. Tem atuado na curadoria de projetos e plataformas experimentais nas áreas de artes visuais e arquitetura, estética e política, agenciamentos culturais-ambientais, incluindo: Campos de Invisibilidade (2018-2019), Contracondutas (2016-2017), Mano Fato Mano (2014-2015), X Bienal de Arquitetura de São Paulo (2013), Urban Parangolé (São Paulo/Istambul, 2012), exo experimental org. (2002-2007), Spore Initiative (Berlim/Mexico, 2021-22), dentre outros. É co-organizadora e/ou autora de livros e ensaios em periódicos e coletâneas, acadêmicos e artísticos, nacionais e internacionais. Cofundadora d’O grupo inteiro (ogrupointeiro.net) e articuladora da Reta (Rede Transdisciplinar da Amazônia).
Ciclo Imaginar Futuros
Moving Earths (performance)
26 de novembro de 2023, domingo, às 16h30 Tradução: Livreto para acompanhamento da performance em português
Mesa Gaiagrafia
27 de novembro de 2023, segunda-feira, às19h Tradução: tradução simultânea português-francês / francês-português

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