Imaginar Futuros Gaiagrafia
Diversos convidados
Programa público
Performance Moving Earths – 26 de novembro, às 16h30 Mesa de debates Gaiagrafia – 27 de novembro, às 19h ENTRADA GRATUITA SEM INSCRIÇÃO PRÉVIA TRADUÇÃO SIMULTÂNEA PORTUGUÊS/FRANCÊS
Passada
O terceiro e último encontro do novo ciclo traz uma performance – Moving Earths – e a mesa de debate Gaiagrafia, com a participação da diretora de teatro e historiadora da ciência Frédérique Aït-Touati e o antropólogo e professor Eduardo Neves, com mediação da curadora e pesquisadora Ligia Nobre.
Moving Earths
O terceiro e último encontro do ciclo será dividido em duas atividades. No dia 26 de novembro, às 16h30, no grande Hall do Instituto Tomie Ohtake, acontece a conferência performance Moving Earths, um dos três atos que compõem a Trilogia Terrestre, concebida por Bruno Latour em 2019. Dirigida por Frédérique Aït-Touati e agora levada ao palco por Duncan Evennou, esta versão “unplugged” de Moving Earths convida o público a testar a hipótese de que, assim como nos tempos de Galileu, no nosso, falar da Terra também significa fazer política. As três conferências-espetáculos que integram a Trilogia Terrestre são o resultado de um longo processo de criação e de investigação desenvolvido no Théâtre Nanterre Amandiers, onde Latour e Aït-Touati transformaram o palco num lugar de “ensaios cênicos” e de experimentação sobre o movimento da Terra. A performance será exibida para 40 pessoas, com senhas distribuídas uma hora antes do início do espetáculo.
Gaiagrafia
A terceira mesa do Ciclo Imaginar Futuros – Gaiagrafia – acontece no dia 27 de novembro, às 19h, reunindo a diretora de teatro e historiadora da ciência francesa Frédérique Aït-Touati e o antropólogo e professor Eduardo Neves, que debatem pesquisas e experimentações sobre as representações visuais do mundo terrestre biótico e abiótico. Mediado pela arquiteta Ligia Nobre, este encontro propõe-se a explorar questões de investigação comuns entre conhecimento nos domínios das teorias da vida, da ecologia e das ciências do sistema terrestre e sua relação com as artes e política.
Sobre os encontros
A cada encontro, materiais visuais distintos do campo da arte, da cultura e da ciência servirão de gatilho para leituras possíveis sobre a reinvenção do humano e do meio-ambiente – incluindo as interrogações possíveis acerca desses dois termos. O primeiro encontro, As Formas do Visível, ocorrido no dia 20 de setembro, reuniu o atropólogo francês Philippe Descola e a antropóloga brasileira Manuela Carneiro da Cunha. Já o segundo – Decolonizando o Museu – realizado no dia 02 de outubro, contou com a participação da cientista política, historiadora e escritora francesa Françoise Vergès e da curadora e pesquisadora indígena Sandra Benites.
A urgência da discussão
A crise ambiental, fato amplamente amparado pela ciência, é desafio urgente e primordial não só de hoje, mas também de todo e qualquer futuro que possa haver pela frente. Como declarou recentemente o filósofo francês Bruno Latour, atravessamos pelo menos os dois últimos séculos feito sonâmbulos, alheios ao alerta evidente dos desastres ecológicos. Nos tornamos, enfim, aqueles que teriam podido agir, nos deparando tardiamente com os danos irreversíveis da nossa própria ação.
Na profunda mutação que a humanidade deverá encarar daqui em diante, a cultura terá papel central na revisão, atualização e produção de imaginários, epistemologias e paradigmas que reposicionem nossa relação com aquilo que chamamos de natureza e que, em consequência, permitam a todas as espécies uma sobrevivência digna.
A natureza não só se depara como uma espécie de fim – tanto ligada à sua decadência material como enquanto conceito – como escancara cada vez mais suas finalidades, no sentido da interdependência vital desta com os seres humanos, cuja separação é apenas artificial. Junto ao declínio ambiental e a realidade do Novo Regime Climático, esgotam-se os projetos vigentes de mundo clamando por uma maior diversidade de representações, de saberes e cosmologias. Trata-se, sobretudo, da necessidade de revivermos saberes de povos originários, negligenciados pelas sociedades ocidentais, e que podem nos ajudar a imaginar, antes que um novo mundo, um novo povo, como argumentado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro.