Imaginar Futuros: Formas do visível
Programa público
19h Entrada gratuita Sem inscrição prévia Tradução simultânea português/francês
Passada
Neste programa de investigação transdisciplinar, artistas, ambientalistas, cientistas, ativistas, antropólogos e filósofos franceses e brasileiros de destaque debatem o
estatuto atual das relações entre cultura e natureza – um mesmo conceito separado em duas partes, segundo o filósofo francês Bruno Latour – a partir de um mergulho em imagens.
Realizado pelo Instituto Tomie Ohtake, com patrocínio do BNP Paribas, apoio do Consulado Geral da França em São Paulo, apoio institucional da Alliance Française: Brésil, Editora 34, Institut Français, Ubu e Cult, o projeto tem curadoria de Priscyla Gomes e de Carol Tonetti, dos Núcleos de Pesquisa e Curadoria e de Cultura e Participação do Instituto Tomie Ohtake.
O primeiro encontro, As Formas do Visível, que acontece presencialmente no Instituto Tomie Ohtake no dia 20 de setembro, às 19h, reunirá o atropólogo francês Philippe
Descola e a antropóloga brasileira Manuela Carneiro da Cunha. Não por acaso, o título do encontro é o mesmo do mais recente livro de Descola, que será publicado no Brasil pela Coleção Fábula da Editora 34. A cada encontro, materiais visuais distintos do campo da arte, da cultura e da ciência servirão de gatilho para leituras possíveis sobre a reinvenção do humano e do meio-ambiente – incluindo as interrogações possíveis acerca desses dois termos.
“Numa civilização da imagem, saturada pelo volume e pela efemeridade de imagens planas, superficiais e sem enigma, quais e como as imagens podem nos provocar a rupturas e leituras renovadas do maior desafio de toda a (breve) história da humanidade?” indagam as curadoras do programa, Priscyla Gomes e Carol Tonetti, dos núcleos de curadoria e educativo do Instituto Tomie Ohake respectivamente.
“Na profunda mutação que a humanidade deverá encarar daqui em diante, a cultura terá papel central na revisão, atualização e produção de imaginários, epistemologias e paradigmas que reposicionem nossa relação com aquilo que chamamos de natureza e que, em consequência, permitam a todas as espécies uma sobrevivência digna”, completam. O presente ciclo conta ainda com mais dois encontros previstos para outubro e novembro.
A crise ambiental, fato amplamente amparado pela ciência, é desafio urgente e primordial não só de hoje, mas também de todo e qualquer futuro que possa haver pela frente. Como declarou recentemente o filósofo francês Bruno Latour, atravessamos pelo menos os dois últimos séculos feito sonâmbulos, alheios ao alerta evidente dos desastres ecológicos. Nos tornamos, enfim, aqueles que teriam podido agir, nos deparando tardiamente com os danos irreversíveis da nossa própria ação.
Na profunda mutação que a humanidade deverá encarar daqui em diante, a cultura terá papel central na revisão, atualização e produção de imaginários, epistemologias e paradigmas que reposicionem nossa relação com aquilo que chamamos de natureza e que, em consequência, permitam a todas as espécies uma sobrevivência digna.
A natureza não só se depara como uma espécie de fim – tanto ligada à sua decadência material como enquanto conceito – como escancara cada vez mais suas finalidades, no sentido da interdependência vital desta com os seres humanos, cuja separação é apenas artificial. Junto ao declínio ambiental e a realidade do Novo Regime Climático, esgotam-se os projetos vigentes de mundo clamando por uma maior diversidade de
representações, de saberes e cosmologias. Trata-se, sobretudo, da necessidade de revivermos saberes de povos originários, negligenciados pelas sociedades ocidentais, e que podem nos ajudar a imaginar, antes que um novo mundo, um novo povo, como argumentado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro.