Programação

Seminário A terra, a água, o fogo e os ventos

Programa público

de 24 de novembro a 25 de novembro de 2025
SEGUNDA E TERÇA NO INSTITUTO TOMIE OHTAKE COM TRADUÇÃO SIMULTÂNEA PARTICIPAÇÃO MEDIANTE INSCRIÇÃO*

Passada

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Seminário 'A terra, a água, o fogo e os ventos'
Encontro com artistas, pesquisadoras, pensadores e curadores do Caribe, da França e do Brasil

O seminário A terra, a água, o fogo e os ventos é um desdobramento da exposição A terra, o fogo, a água e os ventos – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant, atualmente em cartaz no Instituto Tomie Ohtake.

Realizado entre os dias 24 e 25 de novembro de 2025, o programa dará continuidade às reflexões trazidas pela exposição com a reunião de artistas, pesquisadoras, pensadores e curadores do Caribe, da França e do Brasil em conversas públicas, performances e exibições.

Estarão presentes Ana Kiffer, Anne Lafont, Edimilson de Almeida Pereira, Étienne de France, Eugênio Lima, José Eduardo Ferreira dos Santos, Lígia Fonseca Ferreira, Manthia Diawara, Nadia Yala Kisukidi, Patrick Chamoiseau, Paulo Miyada e Sylvie Glissant.

Mais do que um encontro teórico, este seminário busca criar um espaço de trocas, escutas e experimentações, onde múltiplas vozes, línguas e imaginários possam se entrelaçar, reafirmando o museu como território vivo de relação.

A organização é de Ana Roman, Paulo Miyada e Sylvie Glissant. A programação foi desenvolvida em parceria com o Institut du Tout-Monde, o Institut Français, a FLUP e a Bazar do Tempo.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA
SEGUNDA, 24.NOV
15h – MESA Por um museu, com Édouard Glissant
Com Étienne de France, José Eduardo Ferreira, Manthia Diawara, Paulo Miyada e Sylvie Glissant SINOPSE Édouard Glissant cultivou relações íntimas de diálogo com artistas de múltiplas origens e gerações. Esse convívio lhe levou a ensejar a criação de um museu de arte ajustado à realidade do século XXI. Os participantes da mesa refletirão sobre essas relações e desejos, tendo em vista a exposição atual “A terra, o fogo, a água e os ventos - Por um Museu da Errância com Édouard Glissant”.
18h – PERFORMANCE Kreolinesia
Performance de poesia falada do escritor kanak Denis Pourawa SINOPSE Uma fala situada, uma epopeia poética, uma incursão no imaginário de ilhéus indomáveis. Leitura/recital poético a partir de poemas do livro Pays rêvé, pays réel, do poeta martinicano Édouard Glissant, musicados pelo poeta Denis Pourawa. E ainda alguns poemas extraídos dos livros do poeta kanak — Ton Âme Corail — e de sua publicação mais recente, Les Pléiades Errantes, pelas Éditions de l’Institut du Tout-Monde.
19h – CONFERÊNCIA Arquipélagos da Palavra
Patrick Chamoiseau em diálogo com Edimilson de Almeida Pereira SINOPSE Do Caribe à América Negra, Chamoiseau e Edimilson refletem sobre o legado de Édouard Glissant – da creolização à poética do arquipélago – e sobre as literaturas como formas de insurgência e reconstrução simbólica. A conversa aborda o papel do escritor como guardião de mundos e imaginador de relações, propondo uma ética da errância e da tradução diante das violências coloniais e das urgências do presente.
TERÇA, 25.NOV
14h – EXIBIÇÃO DE FILME Édouard Glissant, portrait d’écrivain
(França • 2013 • 45 minutos) Direção: Guy Deslauriers • Roteiro: Claude Chonville, Guy Deslauriers e Patrick Chamoiseau SINOPSE Em 1928, na Martinica ainda marcada pelos vestígios da escravidão, nasce Édouard Glissant. Entre canaviais, racismo e pobreza, tudo aponta para um destino pré-determinado. Trinta anos depois, em 1958, o autor de La Lézarde recebe o Prêmio Renaudot. A narrativa acompanha essa passagem: da vida sob o regime da plantation à invenção de uma linguagem que reconfigura o mundo. Entre a escola em Fort-de-France, os estudos na França e a efervescência anticolonial, Glissant forja um léxico próprio – Relação, Opacidade, Errância, Todo-Mundo – que recusa transparências impostas e desloca centros. Não se trata apenas de ascensão literária, mas de mudança de regime de percepção. Como se vai do inferno da plantação aos esplendores da literatura? Pela criação de uma poética capaz de transformar origem em horizonte e margem em cartografia.
16h – MESA Sobre errância, diáspora e traços
Com Eugênio Lima, Lígia Fonseca Ferreira e Nadia Yala Kisukidi. Mediação de Paulo Miyada SINOPSE A mesa toma a errância, em Édouard Glissant, como motivadora para leituras dinâmicas da diáspora e de seus legados: transformar-se com o outro sem perder a própria medida e afirmar o direito à opacidade. Em Glissant, traço é marca de percursos, encontros e fraturas. A mesa debate modos de habitar e recompor pertencimentos e narrativas.
18h – CONFERÊNCIA Ver em Relação: opacidade, rastro e arquivo
Anne Lafont em diálogo com Ana Kiffer com mediação de Paulo Miyada SINOPSE A conferência aborda como regimes de visibilidade, raça e colonialidade moldaram a história da arte no Atlântico, e pergunta o que vemos quando revisitamos imagens, arquivos e museus hoje. Em diálogo com Ana Kiffer, Anne Lafont explora relações entre corpo, linguagem, imagem e memória a partir do pensamento de Glissant.
Sobre os participantes
ANA KIFFER
Nascida no Rio de Janeiro, Brasil. Ana Kiffer é escritora e professora de Literatura na PUC-Rio. Seu primeiro romance, O canto dela (2022), foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e semifinalista no Prêmio Oceanos. Publicou livros de poesia e organizou e traduziu diversos textos de Antonin Artaud, como A nota fervorosa (2022) e Meus desenhos não são desenhos (2023). Na Bazar do Tempo é autora de Ódios políticos e política do ódio (2019), com Gabriel Giorgi, e coordenadora da coleção Édouard Glissant.
ANNE LAFONT
Nascida em 1970 na França. Anne Lafont é historiadora da arte, pesquisadora e professora na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), em Paris. Foi diretora de programas de pesquisa de historiografia da arte no Institut National d’Histoire de l’Art e editora da revista Perspective. Integrou o comitê curatorial de Le modèle noir – de Géricault à Matisse (Musée d’Orsay, 2019) e é autora de L’art et la race (2019), vencedor dos prêmios Fetkann Maryse Condé e Vitale e Arnold Blokh.
DENIS POURAWA
Nascido em 1974 em Numeá, Nova Caledônia. Denis Pourawa forja uma escrita crua e de raízes urbanas – concisa, lapidada – mas também calorosa e marcada pelos ritmos de sua rica cultura melanésia. Poeta moldado por seu país, chegou a Paris com a firme vontade de dialogar com o velho continente, onde desenvolve um projeto de escrita e pesquisa sobre as artes cênicas. Suas publicações mais recentes incluem La Tarodière (2010), Entre voir les mots des murs (2006) e Téâ Kanaké, l’homme aux cinq vies (2003).
EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA
Poeta, ensaísta, ficcionista, professor e pesquisador da cultura e da religiosidade afro-brasileiras, é autor, entre outros, dos livros Assim se benze em Minas Gerais: um estudo sobre a cura através da palavra (2018), Os tambores estão frios: herança cultural e sincretismo religioso no ritual de Candombe (2005), O ausente (2021), Front (2021), Um corpo à deriva (2021), O som vertebrado (2022), Melro (2022) e A morte também aprecia o jazz (2023).
ETIENNE DE FRANCE
Nascido em 1984 em Paris, França. Etienne de France é artista visual, graduado em História da Arte e Arqueologia em Paris (2002–2005) e em Artes Visuais pela Iceland Art Academy of Reykjavik (2005–2008). Com prática multidisciplinar, suas obras investigam a paisagem como espaço do imaginário e da emancipação, elaborando mapas ficcionais e narrativos. Com obras em vídeo, escrita, fotografia, escultura e desenho, seus projetos resultam de desenvolvimentos de longo prazo, formando os corpos visíveis de sua obra.
EUGÊNIO LIMA
Dj, Ator-Mc, Diretor de teatro e Cinema, Pesquisador da cultura afro diaspórica, Membro Fundador do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, da Frente 3 de Fevereiro e do Coletivo Legítima Defesa. Ganhador de inúmeros prêmios: Prêmio Shell de Teatro de melhor Música 2020 por “Terror e Miséria no Terceiro Milênio”; Prêmio Governador do Estado 2014 com o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos por “Antígona Recortada: Contos Que Cantam Sobre Pousos Pássaros"; Prêmio Shell de Teatro de melhor Música 2006 por "Frátria Amada Brasil: Pequeno Compêndio de Lendas Urbanas” e Prêmio do Coca Cola/FEMSA 2004 de melhor música pela peça “Acordei que Sonhava”.
GUY DESLAURIERS
Nascido em 1960, em Aubagne, França, originário da Martinica. Guy Deslauriers dirigiu diversos documentários para a televisão, como Edouard Glissant e Césaire VS Aragon. Seus filmes, entre os quais L'Exil du roi Béhanzin e Passage du milieu, foram exibidos e reconhecidos em festivais internacionais. Atualmente, trabalha em uma série documental sobre o patrimônio culinário das Antilhas e da Amazônia e desenvolve um projeto sobre a história da maior tragédia do tráfico negreiro: o naufrágio do Leusden, em 1738.
JOSÉ EDUARDO FERREIRA SANTOS
Salvador, Brasil, 1974. É pedagogo (UCSal), mestre em Psicologia (UFBA), doutor em Saúde Pública (UFBA), pós-doutor em Cultura Contemporânea (PACC-UFRJ). Nascido e criado no Subúrbio Ferroviário de Salvador, fundou, ao lado de sua esposa, Vilma Santos, o Acervo da Laje, espaço cultural independente que funciona como casa, museu e escola, dedicado à preservação e valorização das expressões artísticas e culturais das periferias soteropolitanas. É artista visual e assina suas pinturas como Zé di Cabeça.
LIGIA FONSECA FERREIRA
Nascida em São Paulo, Brasil. Ligia Fonseca Ferreira é professora associada da UNIFESP. É Doutora em Letras pela Universidade de Paris 3 – Sorbonne, e pós-doutora pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP), onde é pesquisadora associada. Dedica-se à epistolografia franco-brasileira e aos estudos sobre Luiz Gama. Autora e tradutora de diversos livros, traduziu Uma africana no Louvre, de Anne Lafont. Recebeu em 2018 a condecoração Chevalier des Palmes Académiques do governo francês e integra o conselho de diversos museus.
NADIA YALA KISUKIDI
Nascida em Bruxelas, Bélgica, em 1978, filha de pai congolês e mãe franco-italiana. É professora associada de filosofia na Universidade Paris 8 Vincennes–Saint-Denis e especialista em filosofia francesa e africana. É autora de livros como Bergson ou l’humanité créatrice (2013) e Dialogue Transatlantique (2021), com Djamila Ribeiro. A dissociação, lançado em 2022 pela Seuil, é seu primeiro romance.
PATRICK CHAMOISEAU
Nascido em 1953, em Fort-de-France, na Martinica. Patrick Chamoiseau é autor de uma obra que abrange romances, contos, ensaios e textos inclassificáveis, traduzidos para diversas línguas e premiados com distinções como o Prix Carbet de la Caraïbe e o Prix Goncourt. Entre suas publicações mais recentes estão La Matière de l’absence, Frères migrants e, em 2025, Que peut Littérature quand elle ne peut. Hoje, ele se afirma como uma das vozes mais influentes do Caribe e um dos grandes escritores do mundo contemporâneo.
PAULO MIYADA
Curador e pesquisador, atua como Diretor Artístico do Instituto Tomie Ohtake e curador adjunto do Centre Pompidou, em Paris. Graduado em Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), é mestre em História da Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), foi assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2010) e fez parte da equipe de curadores do Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (2011-2013). Foi curador adjunto da 34ª Bienal de São Paulo (2020/2021) e ganhador do Prêmio Jabuti em 2020.
MANTHIA DIAWARA
Nascido no Mali, África Ocidental. É Distinguished Professor de Literatura Comparada e Cinema na New York University. Publicou ensaios em francês e inglês sobre arte, cinema e política em The New York Times Magazine, LA Times, Libération, Mediapart e Artforum. Autor de In Search of Africa (1998) e We Won’t Budge: An African in the World (2003), também dirigiu filmes como Angela Davis, A World of Wider Freedom (2023–2024) e Edouard Glissant, One World in Relation (2010).
SYLVIE GLISSANT
Nascida em Paris, França. Sylvie Glissant é pintora, psicanalista clínica e diretora do Institut du Tout-monde desde sua fundação por Édouard Glissant em 2006. Com ele, organizou o Prix Carbet de la Caraïbe (criado em 1990), numerosos colóquios internacionais, e apoiou o Prêmio Édouard Glissant, criado em 2002 pela Universidade Paris VIII e a Maison de l'Amérique Latine. Coautora com Édouard Glissant de La terre magnétique: les errances de Rapa Nui, l'île de Pâques (2007), expõe seu trabalho sob o nome Sylvie Séma.
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