Programação

Curso: Arquiteturas da Reparação

Inscrições encerradas

Programa público

de 17 de outubro a 21 de novembro de 2024
ÀS QUINTAS, 19H—21H CURSO ONLINE E PAGO CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 ANOS

Passada

MLK high res
Curso online, via Google Meet | 6 encontros
Com Paulo Tavares, 'Arquiteturas da Reparação', às quintas-feiras

INSCRIÇÕES ENCERRADAS

Explorando o campo da arquitetura como prática expandida, o curso online Arquiteturas da Reparação abordará aspectos históricos, políticos e culturais do que poderia ser conceitualizado como “Arquiteturas da Reparação”.

Em um contexto global de extrema desigualdade socioeconômica, injustiças históricas estruturais, e eminente colapso ecológico, a reparação (social e ambiental) impõe-se na ordem do dia da política contemporânea. Entramos em uma era de reconstruções: de patrimônios e coleções museográficas; das cidades e da natureza; de comunidades e subjetividades, de toda a vida planetária.

Como a arquitetura – vista como um campo expandido que engloba projeto, planejamento, design, pesquisa, curadoria, publicação, práticas patrimoniais, advocacia e pedagogia – pode responder a essa condição em escala local e global? Se hoje nossa tarefa mais urgente, propriamente existencial, é reconstruir um mundo fraturado de outra forma, a reparação constitui uma questão central para a prática da arquitetura em suas múltiplas manifestações: trans-escalar, trans-disciplinar e trans-mídia.

Com Paulo Tavares e participação especial do arquiteto e urbanista Luis Araujo.

Conteúdos dos encontros
Aula 1: Por uma Arquitetura da Reparação (introdução)
QUINTA | 17.OUT | 19H “Por uma arquitetura da reparação” não designa um tema ou recorte disciplinar, mas uma forma de engajamento com a própria disciplina da arquitetura ela mesma. Dito de outro modo, não se trata de um qualificador para designar uma suposta ética, muitas vezes falha, do fazer arquitetônico, como no termo “arquitetura social.” Mas de ocupar uma posição/perspectiva sobre a arquitetura como campo de conhecimento, como prática, e como campo do político. Como tal, arquiteturas da reparação assumem diferentes formas/meios/mídias trans-disciplinares e trans-escalas através dos quais o pensamento e a ação arquitetônica se manifestam, do projeto à curadoria, do planejamento à publicação, da construção à advocacia.
Aula 2: Desafiando o cânone — a arquitetura política dos arquivos
QUINTA | 24.OUT | 19H Arquiteturas da Reparação desafiam cânone e reconhecem histórias apagadas e silenciadas. A reparação no campo da arquitetura implica trabalho histórico-teórico para reinterpretar e reconstruir arquivos e narrativas. Nesse sentido, a arquitetura da reparação também diz respeito à contestação crítica dos enquadramentos simbólicos e epistêmicos de arquivos, museus e coleções, estando associada a políticas e práticas de restituição contemporâneas.
Aula 3: Contra-imagens, contra-narrativas: a arquitetura como curadoria
QUINTA | 31.OUT | 19H Na história da arquitetura é notável como exposições e curadorias – talvez até mais que projetos e edifícios – desempenharam papeis ideológicos, políticos e mesmo epistêmicos centrais na interpretação da arquitetura e de sua história. Neste sentido, podemos dizerque exposições são “mídias arquiteturais” – architectural mediums – onde meio e mensagem não se diferenciam. Refletindo sobre exposições emblemáticas – desde “Brazil Builds” realizada no MoMA em 1943 até o pavilhão brasileiro “Terra” na Bienal de Veneza de 2023 – este encontro versa sobre o espaço político da arquitetura-como-curadoria, analisando como o espaço curatorial se articula com sistemas de poder e narrativas hegemônicas, ao mesmo tempo em que abre janelas para formas de reparação e advocacia.
Aula 4: Outros monumentos — memórias da violência, patrimônios da restituição
QUINTA | 7.NOV | 19H Participação especial de Luis Araújo Arquiteturas da Reparação é reposicionar conceitos e práticas de patrimônio, memorializando outras histórias para além das construções simbólicas da modernidade colonial e seus legados racistas. Ao passo que testemunhamos cidades explodirem em convulsões sociais, desafiando histórias e memórias exibidas no espaço público, a arquitetura está sendo forçada a reconhecer que historicamente serviu – em dimensões materiais e semióticas – para perpetuar formas de desigualdade e promover formas de segregação que ainda hoje são comemoradas em memoriais urbanos. Mas não basta destruir os velhos monumentos. A tarefa política da arquitetura é construir novas paisagens memoriais, espaços que permitam que outras histórias sejam contadas e que, em reconhecimento, direitos sejam restituídos.
Aula 5: Arquitetura como advocacia
QUINTA | 14.NOV | 19H Arquiteturas da Reparação é advocacia. Partindo do entendimento que a cidade, o território, o meio ambiente, o espaço... é um direito, a arquitetura deve ser conceitualizada e operacionalizada como um meio de garantir e defender esses direitos. Seguindo a ideia da arquitetura-como-advocacia, este encontro aborda novas práticas espaciais no campo da justiça socioespacial e ambiental, com especial ênfase na emergente prática da arquitetura forense e das novas tecnologias e mídias. Como as ferramentas de arquitetura, planejamento e preservação – técnicas, visuais, legais, cartográficas, ativistas etc. – podem ser mobilizadas como instrumentos de defesa de direitos?
Aula 6: Reparação pós-representação
QUINTA | 21.NOV | 19H Arquiteturas da Reparação não são apenas simbólicas: são propriamente materiais, territoriais, infra-estruturais, ecológicas. A reparação na arquitetura vai além da representação e da narrativa, abordando injustiças históricas que se manifestam em padrões de desigualdade econômica e exclusão espacial. Arquiteturas da Reparação é sobre universalizar o acesso à moradia e a um ambiente saudável, ou seja, é sobre os direitos à cidade. Arquiteturas da Reparação é sobre a restituição de terras aos povos originários e restauração ambiental. Neste sentido, a reparação envolve todo o espectro da arquitetura que diz respeito à produção e governo do ambiente construído e natural, do planejamento às políticas públicas, do projeto ao edifício, da lei ao design.
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Arquiteturas da Reparação

 

Público: livre. Vagas limitadas.

 

Para dúvidas e outras informações:
*Inscrições prorrogadas até 24.OUT (até 12H)
Sobre os ministrantes
Paulo Tavares
Arquiteto, autor e educador. Sua prática se dá nas fronteiras entre arquitetura, culturas visuais e advocacia. Operando através de múltiplas mídias, os projetos de Tavares foram apresentados em várias exposições e publicações, incluindo a Trienal de Arquitetura de Oslo, a Bienal de Design de Istambul, a Bienal de Arte de São Paulo, e a Bienal de Arquitetura de Veneza 2023. Ele é autor de vários livros que questionam os legados coloniais da modernidade, incluindo DesHabitat (2019), Lucio Costa era Racista? (2022) e Derechos No-Humanos (2022). O projeto curatorial Terra, em colaboração com Gabriela de Matos, recebeu o Leão de Ouro de melhor participação nacional na La Biennale di Venecia 2023, e Tavares foi selecionado pelo ArchDaily como uma das Melhores Práticas de Arquitetura em 2023. Tavares foi co-curador da Bienal de Arquitetura de Chicago de 2019 e fez parte do conselho curatorial consultivo da Bienal de Sharjah 2023. Atualmente leciona na Columbia GSAPP e na Universidade de Brasília, e lidera a agência de advocacia espacial autônoma.
Luis Araújo, participação especial
Arquiteto e urbanista, especialista em política e planejamento urbano e regional, mestre e doutor em história social. Trabalha em museus e espaços de cultura desde 2015, com experiência na área de educação, gestão de projetos, programação e curadoria de conteúdo. Desde 2022, é Gerente da Área de Comunidades e Territórios do Museu do Amanhã, responsável pelo Programa de Relacionamento Vizinhos do Amanhã e diversas outras iniciativas voltadas para a conexão do museu com sua vizinhança, a Pequena África. No campo da pesquisa, se dedica a investigar as relações entre arquitetura, poder e raça, com especial atenção aos espaços relacionadas ao processo de escravização no Brasil, considerando seus efeitos materiais e simbólicos até os dias de hoje.
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